METODOLOGIAS ATIVAS

O USO DAS TDIC NO DIA A DIA DAS ESCOLAS


tecnologia nas escolasUma pergunta é recorrente em diversos ambientes onde se discute a utilização das TDIC - Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação - nas escolas brasileiras: como elas estão sendo utilizadas pelos professores?

Segundo a pesquisa TIC Educação 2015 do Cetic.br, boa parte dos professores utilizam as TDIC, porém inseridas num contexto de abordagem pedagógica tradicional, ou seja, substituindo o "analógico" pelo "digital" - algo que chamamos de "substituição". Com isso, não há inovação ou mudança na prática pedagógica, embora esteja se usando a tecnologia.

Essa constatação é compreensível - embora, não desejável -, pois penso que estamos numa fase de transição do "analógico" para o "digital" - já escrevi sobre isso há 4 anos no post inaugural desse blog.

Portanto, creio que precisamos, agora, passar para um segundo momento, onde a tecnologia digital e o professor se tornem mediadores do processo de ensino-aprendizagem - quando o projeto pedagógico optar por ela como uma poderosa ferramenta nesse sentido -, de modo a inserir o aluno num processo ativo para desenvolver as ditas competências e habilidades do século 21.

É importante fazer um parênteses e deixar claro que, embora as TDIC sejam, a meu ver, poderosas ferramentas de ensino-aprendizagem, não são as únicas e tampouco obrigatórias ou insubstituíveis em projetos pedagógicos. Cada projeto terá a sua necessidade ou demanda melhor atendida por determinada abordagem, utilizando ou não as novas tecnologias.

Retomando o raciocínio anterior, dentro do que chamei de segundo momento, vejo, essencialmente, duas trilhas no uso das TDIC na educação: uma de curadoria de materiais/sites/objetos de aprendizagem, e outra mais "mão na massa". Essas trilhas podem ser trabalhadas tanto por professores como por alunos. A curadoria - seleção e posterior utilização de objetos e recursos digitais prontos - já tem sido praticada por algumas escolas, mas a trilha de usar ferramentas para desenvolver projetos/recursos - tais como vídeos, textos, apresentações, não como materiais didáticos, mas como recursos para trabalhar e desenvolver competências e habilidades como persistência, resiliência, comunicação, senso crítico, tomada de decisão, curiosidade, entre outras -, ainda está engatinhando.


Dou aqui, como exemplo, a abordagem que tenho trabalhado em relação a vídeos. Os vídeos, essencialmente, são usados na educação de dois modos: como materiais complementares ou para se iniciar e fomentar debates sobre algum tema. 


Sem excluir essas abordagens, proponho um viés de se "mexer" num determinado vídeo, editando-o, como uma atividade dentro e fora da sala de aula com intencionalidades. Por exemplo: tenho discutido alguns vídeos que são a favor e contra a utilização da energia nuclear como forma de se obter energia elétrica no Brasil.

Pois bem, exceto os especialistas nessa área, a maioria das pessoas não conhecem bem um tema que pode entrar na pauta a qualquer momento e que exigirá de todos nós algum posicionamento. Para editar vídeos sobre esse tema, de tal forma a produzir um vídeo com visões favoráveis e/ou desfavoráveis, é necessário entrar fundo nele. Ou seja, com essa abordagem, desenvolvem-se conteúdo, senso crítico, criatividade, comunicação audiovisual, entre outros. 

Cada corte, trilha sonora proposta, narração, coloração, legenda, etc, será avaliada de acordo com rubricas construídas por todos - alunos e professores - com relação às suas intencionalidades. Portanto, não basta cortar ou colorir, tem de se argumentar sobre a intenção de cada edição realizada.

Esse é um exemplo de utilização de uma ferramenta tecnológica digital como forma de aprendizado e avaliação formativa de competências e habilidades, onde se "entra" no vídeo de modo ativo. Quem já fez isso, vivenciou a diferença de se assistir a um vídeo e de "atuar" nele com critério e "sentiu" a imersão que esse processo proporciona. É muito diferente de apenas assistir e observar. Nesse ponto, vale frisar que a ideia não é confrontar abordagens, no sentido de uma ser melhor ou pior que a outra, mas, sim, de se perceber que há relações diferentes com o objeto de estudo. 

Há infinitas ferramentas e abordagens que podem ser aplicadas por nós professores em nosso dia a dia. Esse foi, apenas, um exemplo que tenho realizado em minhas práticas.

Portanto, fica a sugestão de avançarmos para o próximo nível, mesmo que de modo paulatino, incremental. Uma abordagem ou utilização das ferramentas digitais não exclui a outra. Não se trata de não preparar materiais didáticos ou videoaulas com elas, por exemplo, mas, sim, de, além disso, começarmos a pensar em como usá-las para o aprendizado e para a avaliação como meio de desenvolver o que desejamos em nossos alunos e em nós mesmos.

Prof. Carlos Sanches
 

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