Educação Básica

ÍNDICE DE EFICIÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

 

Estudo da empresa de consultoria educacional Gems Education Solutions, coloca o Brasil em último lugar - entre 30 países analisados – no ranking do que denominou Índice de Eficiência da Educação


EducaçãoTodo índice tem seus pontos fracos e fortes refletidos pela metodologia utilizada com seus inerentes defeitos e virtudes, além de ser, de certo modo e em alguns casos, reducionista, pois, raramente, engloba todas as variáveis pertinentes ao escopo de seu estudo.


Apesar disso, penso que a criação e a análise de índices, principalmente quando estes comparam o desempenho dos sistemas educacionais de alguns países entre si, podem ser úteis para que fiquem mais claras e evidentes as necessidades e deficiências de cada um deles, assim como seus avanços e qualidades. 


Nessa perspectiva, decidi colocar nesse artigo alguns dados interessantes de um estudo, publicado em 2014, da empresa de consultoria Gems Education Solutions – uma companhia internacional com escolas e serviços educacionais em 16 países – que criou o chamado Índice de Eficiência na Educação.


Os dados e os índices se referem a 30 países que constam de relatórios da OCDE – Organização para o Comércio e Desenvolvimento Econômico – e seus desempenhos numa avaliação padronizada: o PISA – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes. A minha ideia aqui é provocar o debate e a reflexão a partir da análise desses dados e dos índices disponibilizados por país. 


A metodologia adotada nesse estudo – que está detalhada no link disponibilizado nesse artigo - mostrou, segundo a Gems, que os salários dos professores e o tamanho das salas de aula são os dois fatores – dentre 63 estudados – que são estatisticamente significativos e têm impacto sobre os resultados na prova do PISA.

Nesse sentido, seguem alguns dados do estudo em questão:


Salários anuais dos professores em US$1:

  • Finlândia: 42.810
  • Brasil: 14.840
  • Chile: 16.410
  • Suíça: 68.820 (o maior valor)
  • Indonésia: 2.830 (o menor valor)


Alunos / sala de aula:

  • Finlândia: 16,5
  • França: 10,4
  • Estados Unidos: 15,3
  • Brasil: 32,1 (o maior valor)
  • Portugal: 7,6 (o menor valor)


Índice de Eficiência na Educação Básica (em porcentagem)

  •  1° Finlândia (87,81)
  •  2° Coreia do Sul (86,66)
  •  3° República Checa (84,38)
  •  4° Hungria (84,08)
  •  5° Japão (83,88) 
    ...............................
  •  30° Brasil (25,45)

A partir de uma breve análise desses dados, com as ressalvas feitas no início desse artigo quanto à metodologia e os critérios utilizados na criação de qualquer índice, pode-se concluir o seguinte: 

  • A Finlândia tem um retorno de investimento na educação realmente notável. Países como os EUA, o Reino Unido, a França e a Alemanha, embora tenham bons sistemas educacionais, gastam muito e não têm retorno com resultados – do PISA, nesse caso – proporcionais ao que é investido.


·        Já o Brasil, classificado em último lugar, tem, de fato, problemas com investimentos em educação, salários baixos dos professores e muitos alunos, na média, por sala de aula.


A Gems também criou quatro grupos (G) distintos para classificar os países de acordo com esses resultados do Índice. O G1 – de alta performance – ficou com a Finlândia, o Japão e a Coreia do Sul. O G2 – denominado “eficiente e eficaz” – agrupa a Austrália, a República Checa, a Nova Zelândia e a Eslovênia. O G3 – “mais eficaz do que eficiente, com gastos excessivos” – tem a Áustria, a Bélgica, a Dinamarca, a Alemanha, a Irlanda, a Itália, a Holanda, Portugal, a Espanha e a Suíça. Já o G4 – “mais eficiente do que eficaz, com baixo desempenho” – agrega a França, a Hungria, a Islândia, Israel, a Noruega, a Suécia, o Reino Unido e os EUA.
Por fim, o grupo G5 – “Ineficiente e Ineficaz” – tem em seus quadros o Brasil, o Chile, a Grécia, a Indonésia e a Turquia.


Bem, esse estudo pode nos ajudar a evidenciar e/ou confirmar alguns problemas que, de fato, fazem parte da educação de nosso país. Indiscutivelmente, de modo geral, nossos professores são mal remunerados, temos salas de aula cheias, nossos resultados no PISA são muito ruins e precisamos investir mais e com melhor gestão na educação.


Com relação a esses quesitos, conversei com o professor Ocimar Alavarse da Faculdade de Educação da USP após um evento do qual participamos sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada dos Profissionais do Magistério da Educação Básica, realizado no dia 26/11/15 no auditório da FEUSP. 


O professor Ocimar disse que 6,1% do PIB destinados para a educação é um valor considerável, mas que, para o Brasil, não é o suficiente e que os 10% acordados no recém aprovado PNE – Plano Nacional da Educação – foi o “possível”, mas que, a rigor, o valor, para termos um nível educacional semelhante ou próximo da, hoje, referência Finlândia, deveria ser até maior do que esse.


Com relação a lotação das salas de aula, o professor Ocimar ponderou: “nos centros das grandes cidades – como São Paulo, por exemplo – temos salas com alguma ociosidade, enquanto nas periferias, as salas tendem a ser mais lotadas”. Ou seja, não podemos dizer que “todas” as salas de aula do Brasil da educação básica estejam lotadas, como se poderia inferir ao analisar-se friamente e de modo superficial o número divulgado nesse estudo da Gems – 32 alunos / sala.


Concluindo, creio ser esse estudo válido e interessante para nos situarmos em relação a outros sistemas educacionais do mundo e para que a avaliação de nossos erros e defeitos seja constante e gere resultados e iniciativas para que caminhemos sempre na direção de corrigi-los para que um dia, quem sabe, possamos dizer que temos uma educação de primeiro mundo.

 1 Valores em dólar americano, de acordo com o que se denomina “Paridade de Poder Aquisitivo”. Para maiores detalhes, acesse o estudo.


Agradeço a colaboração do prof. Ocimar Alavarse, da FEUSP, nesse artigo


By Prof. Carlos Sanches

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